A venda da NTS e o novo momento do gás natural no Brasil
Conheça a história da venda da NTS para consórcio liderado pela Brookfield e entenda por que a companhia é um dos ativos mais cobiçados do mercado de gás natural do País
A história do gás natural no Brasil ganhou um importante capítulo em 2017. Em 4 de abril, um consórcio de investidores liderado pela Brookfield finalizou a compra de 90% das ações da NTS (Nova Transportadora do Sudeste) que pertenciam à Petrobras. O negócio foi fechado pelo preço de aproximadamente US$ 5,2 bilhões, o qual é tido como um dos ativos mais cobiçados do mercado de transporte de gás do País. A NTS atende o Sudeste do Brasil, região que concentra 55% da demanda brasileira pelo insumo, e está próxima de fontes de gás no Rio de Janeiro e em Santos, no litoral paulista, além de ter conexão com o gasoduto Bolívia-Brasil.
A compra também sinalizou um novo momento para o mercado de transporte de gás natural no Brasil, que, aos poucos, se abre para investimentos privados. Em comunicado oficial, a Petrobras reforçou que a venda está alinhada a plano da companhia que “prevê a atuação na cadeia de óleo e gás por meio de parcerias”. No mesmo comunicado, a estatal disse, ainda, que a venda “abre oportunidades para que parcerias com outras empresas contribuam para o fortalecimento da indústria de gás natural no Brasil, fomentando novos investimentos na ampliação da infraestrutura de transporte de gás”.
“Fechar essa transação foi uma das nossas maiores prioridades para 2017”, reforça nota emitida pela Brookfield Infrastructure, integrante do grupo canadense Brookfield Asset Management, que detém, globalmente, mais de US$ 265 bilhões em ativos sob gestão.
Venda da NTS: momento oportuno
Quando a Petrobras anunciou, em 2016, a intenção de reduzir investimentos e vender parte de sua operação para gerar cerca de R$ 34,6 bilhões em caixa até 2018, os investidores mais atentos começaram a se movimentar. A Brookfield Asset Management, que capitaneou a compra da NTS, saiu na frente por já conhecer bem o mercado brasileiro, onde o grupo está presente há mais de 115 anos. Ainda assim, o processo de pesquisa e levantamento de informações do setor e a estruturação do negócio envolveu um longo e trabalhoso caminho. O processo de avaliação do negócio começou em julho de 2015, sendo o fechamento efetivo do negócio concretizado apenas em 4 de abril de 2017 – quase 2 anos após o início das negociações.
Pelo valor negociado de aproximadamente US$ 5,2 bilhões, a Brookfield adquiriu 12 gasodutos que, somados, têm 2.048 quilômetros de extensão. Eles apresentam cinco contratos de transporte cuja soma das capacidades contratadas totaliza 158,2 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia, possuindo, ainda, autorizações de operação emitidas pela ANP vigentes por, pelo menos, mais 21 anos em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
NTS: um bom negócio para todos
A operação de mudança de controle da NTS é um bom negócio para todos os envolvidos. Para o Brasil, um setor fundamental da economia que trabalhava com a perspectiva de operar com pouco ou nenhum investimento durante os próximos anos recebe um aporte substancial de recursos. Com isso, o País volta a ter um horizonte de melhoria do serviço de transporte de gás, reforça a segurança de sua infraestrutura energética e se prepara para o ciclo de crescimento que se anuncia.
Para a Brookfield, a concretização do negócio foi uma ótima oportunidade de ingressar no segmento de transporte de gás no Brasil. A NTS é um ativo descrito pelo mercado como robusto por atuar em ambiente de estabilidade regulatória, ter fluxo de caixa e receita previsíveis e risco de default equivalente ao de títulos públicos, ou seja, baixíssimo. Mais: a NTS contratou a Transpetro, maior transportadora de combustível do País e uma subsidiária da Petrobras com experiência incomparável nesse mercado, para a prestação de suporte técnico necessário para a operação dos gasodutos e de toda infraestrutura da NTS. Fica garantida, dessa forma, a segurança e o bom funcionamento do negócio.
NTS: composição acionária
Ainda que a Brookfield Asset Management, indiretamente por meio do Fundo de Investimento em Participações Nova Infraestrutura Multiestratégia (FIP), detenha a maioria do capital social da NTS, a composição acionária atual apresenta outros sócios. Além da Brookfield, GIC, CIC e bcIMC também são investidores do FIP. Pouco depois da conclusão da operação, o FIP vendeu 7,65% de suas ações na NTS para a Itaúsa, holding que controla o banco Itaú Unibanco e outros ativos. Com isso, a composição acionária da NTS é composta da seguinte maneira: o FIP (que concentra as participações de Brookfield, GIC, CIC e bcIMC) com 82,35%, a Itaúsa com 7,65% e a Petrobras com 10%.
Quer saber mais sobre a transação envolvendo a NTS? Leia os fatos relevantes emitidos tanto pela Petrobras quanto pela Brookfield.